peres, rui: tenho 38 anos cheios, não transbordantes. nasci na aldeia de picote, onde há bocas, ouvidos humildes e estampas naturais. licenciei-me em engenharia de telecomunicações e informática mas continuo a escrever à mão, roendo a cabeça das canetas. trabalhei em projectos de telecomunicações para aviões, comboios e metros mas prefiro andar a pé.
vivi em vários países, arábia saudita, brasil, dubai, áustria, índia, entre outros. em todos eles aperfeiçoei dúvidas, levantei questões. aprendi a falar línguas em viagem, mas nunca disse uma frase correta em árabe. leio, observo, partilho, provo, dou gargalhadas com estrilho. interesso-me por histórias, pessoas e países.
escrevo sobre coisas simples observando quem passa e, principalmente, quem não passa. a família é a minha fotografia preferida e o objeto que mais gosto é o postal. encontro-me, desde janeiro de 2020, a encher um balão que comecei a soprar desde a adolescência: viajar pelo mundo para melhorar as minhas dioptrias numa tentativa de aproximação ao primitivo, ao cru, ao autêntico, ao sonho.